Minha filhota mudou de escola neste ano. Logo após a primeira reunião de pais, antes mesmo do início das aulas, procurei aquela mãe que fora a mais assertiva no encontro, e externei a ela a minha vontade de ser incluído no grupo do WhatsApp de pais de alunos da turma. Afinal, além de advogado sou pedagogo, e sempre me interessei mais pelos assuntos acadêmicos da minha filhota do que a mãe.
Para minha surpresa e incredulidade, a resposta que obtive foi:
“olha, só tem MÃES no grupo, tenho que ver com elas se elas aceitam um HOMEM.”
Demonstrei algum espanto, retruquei que eu fazia parte do grupo de pais da escola anterior da minha filhota e que não via nada de mais nisso, mas ao final não tive opção senão concordar em aguardar pacientemente a submissão da minha pretensão às demais integrantes.
Uma semana depois, eis que encontro a mesma mãe, enquanto deixávamos nossas crianças na sala de aula. Não titubeei e perguntei “e então, serei aceito no grupo de PAIS de alunos?”. Seguiu-se o seguinte diálogo:
MÃE: Então... Sabe o que é? É que algumas mães demonstraram desconforto em ter um HOMEM no grupo de PAIS de alunos...
EU: Olha, muito me espanta essa postura, porque eu não acredito que sejam discutidos assuntos como “50 Tons de Cinza” nesse grupo, mas tão-somente aqueles relacionados às nossas crianças e ao ambiente escolar no qual elas estão inseridas...
[Neste ponto, num verdadeiro duplo-twist-carpado-ideológico, o discurso subitamente mudou. Atentem.]
MÃE: Sabe o que é?... É que NÓS estamos PREOCUPADAS que você possa se sentir deslocado num meio onde só tem mulheres, é isso!
EU: Agradeço imensamente a preocupação de vocês, mas eu não vejo problema algum nisso. Se há algum problema, ele parte de VOCÊS, não de mim. Mas não se preocupe: se vocês não me incluírem no grupo, não haverá problema nenhum, apenas não me peçam apoio para nenhuma das iniciativas nele surgidas.
MÃE: : x (boca fechada)
Todos nós, pais com filhos em idade escolar, entendemos como é importante ficarmos a par de tudo o que acontece com as crianças durante o horário em que estão na escola. Não só com as nossas, mas com todas, porque o mau trato que uma criança sofre nos alerta e nos faz tomar precauções para que não aconteça com a nossa, isso para ficar no exemplo mais óbvio.
E todos nós, pais (aqui me refiro a todos que comemoramos nosso dia no segundo domingo de agosto) que não somos “pais de boleto”, que efetivamente nos envolvemos nas atividades acadêmicas das nossas crianças, que nos fazemos presentes em todas as reuniões e atividades extraclasse, naturalmente desejamos integrar todos os ambientes que digam respeito à formação acadêmica dos nossos filhos, inclusive os extraescolares! Discriminar-nos, tão somente por sermos do sexo masculino, é uma vergonha, uma imoralidade.
Fui vítima de androfobia, termo usado para enfocar e definir todos os tipos de preconceito, medo, discriminação, ódio e generalização aos homens, em analogia e acompanhamento ao uso do termo "homofobia", usado para se referir ao preconceito, medo, discriminação, ódio e generalização cometido contra os homossexuais. Com efeito, um dos movimentos que usam e defendem o termo "androfobia" para se referir ao preconceito contra os homens é o grupo ABRACODHPAI ou "Associação Brasileira Contra a Androfobia e pela Igualdade de Direitos aos Homens Pais" que foi criado nas redes Orkut e Facebook no início dos anos 2000, principalmente contra a Alienação Parental, que afeta 90% dos homens pais separados.
E tudo isso porque quis participar ativamente da formação acadêmica da minha filhota, algo que sempre fiz e sempre farei.
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